O que causa isso?

Em um olho com ceratocone, as fibras de colágeno na córnea estão mais frouxamente dispostas e não fortemente ligadas umas às outras, como seria em uma córnea saudável. O resultado é que as fibras podem deslizar umas sobre as outras e causar uma deformação progressiva da córnea. Geralmente uma protrusão em formato de cone. Essa deformação da córnea leva a uma piora da visão. Geralmente começa na adolescência e início da idade adulta e é agravado pela fricção dos olhos.

Como é o tratamento?

Existem várias maneiras de tratar o ceratocone se você receber esse diagnóstico. A primeira coisa a fazer é parar de esfregar os olhos e garantir que você não esteja dormindo de bruços fazendo pressão sobre os olhos. Lembre-se: esfregar os olhos aumenta a deformidade da córnea.

O plano de tratamento correto para você dependerá de vários fatores:

A estabilidade da sua córnea;

A redução na visão que você está experimentando;

A localização do ponto mais curvo (ponta do cone) em sua córnea;

A quantidade de irregularidades da sua córnea (astigmatismo irregular).

O objetivo primário de nossos tratamentos cirúrgicos para ceratocone é estabilizar a córnea e prevenir maior progressão/ deformação. O objetivo secundário é regularizar a forma da córnea para que óculos e/ou lentes de contato possam proporcionar uma visão mais clara após a cirurgia.

​

Entendendo os tratamentos

Uma visão detalhada das opções de tratamento disponíveis na clínica:

a) Monitorar apenas;

O mapeamento da córnea (combinação de exames para mostrar o formato, deformidades e espessura da córnea) é realizado em cada consulta para pacientes com ceratocone. Pode-se indicar ao paciente não realizar nenhuma intervenção cirúrgica. E apenas monitorar o ceratocone através do mapeamento da córnea em intervalos definidos, por exemplo, 3 ou 6 meses.
Esta pode ser uma recomendação comum no diagnóstico inicial e/ou consultas iniciais, pois permite ao cirurgião a oportunidade de avaliar a estabilidade da córnea antes de fazer uma recomendação cirúrgica.

​

b) Cross-link da córnea (CXL);

O CXL é um procedimento realizado em um olho de cada vez em um bloco cirúrgico. Durante o procedimento, a córnea é impregnada com uma substância chamada riboflavina durante 15-30 minutos e depois submetida a uma exposição a luz ultravioleta (UV) por 10-30 minutos. A riboflavina reage com a luz UV para criar novas ligações cruzadas de colágeno na córnea, fortalecendo-a para evitar progressão da deformidade.

c) Implante de anéis corneanos.

Esses procedimentos utilizam implantes em formato de anel ou de arco. Uma vez implantados na córnea, esses anéis exercem uma força biomecânica tornando a córnea mais regular e melhorando a qualidade da visão. Esses implantes são colocados em um túnel microscópico criado na córnea usando um laser de femto-second.

​

O que esperar da primeira consulta à cirurgia

Consulta inicial

O primeiro passo é agendar sua avaliação inicial. Nesta avaliação será realizado o mapeamento das córneas através de uma série de exames para que se possa fazer uma avaliação personalizada do estágio do ceratocone e melhores opções de tratamento.
 

Dia da cirurgia

Os procedimentos cirúrgicos demoram em média 30 minutos. Você deve chegar ao bloco cirúrgico uma hora antes do procedimento para realizar trâmites burocráticos e realizar algum exame que possa ser necessário antes do procedimento. Após a cirurgia você descansa na sala de recuperação por 10-20 minutos para depois ser examinado pelo cirurgião no biomicroscópio e receber as últimas orientações para o pós-operatório. O tempo total de permanência no bloco cirúrgico costuma ser de 2 a 3 horas. Pedimos que você peça a um familiar ou amigo que vá buscá-lo na clínica após o procedimento.

Cuidados pós-operatórios

Aconselhamos todos os pacientes a irem para casa e descansarem no dia do procedimento. Prescrições pós-operatórias serão fornecidas e você deverá usar colírios por uma semana a um mês após o procedimento, dependendo do tipo de cirurgia. A maioria dos pacientes acha o procedimento muito confortável, com apenas um leve desconforto pelo resto do dia (no caso de crosslink, 3 a 4 dias). Você retornará à clínica para visitas pós-operatórias mais frequentes nas primeiras duas semanas após o procedimento. A estabilidade do resultado dos procedimentos cirúrgicos costuma acontecer em até 6 meses
após sua realização.

​

Lentes de contato para ceratocone

Devido à forma irregular da córnea, os pacientes com ceratocone costumam não atingir uma acuidade visual adequada apenas com o uso de óculos ou lentes de contato convencionais. Para estes casos se utilizam lentes de contato especiais.

Existem diversos tipos de lentes de contato para reabilitar a visão no ceratocone. De modo geral estas lentes podem ser:
 

Lentes gelatinosas especiais:

Essas lentes são usadas principalmente nos estágios iniciais do ceratocone. Elas são projetadas para terem uma região central mais espessa do que as lentes de contato gelatinosas comuns. Isso faz com que a lente seja um pouco mais rígida, não deformando tanto sua superfície ao ser colocada sobre uma córnea irregular. Isso tende a proporcionar uma visão com mais qualidade do qua a que se consegue com lentes gelatinosas comuns e com conforto semelhante.

Lentes rígidas gás permeáveis:

Essas lentes são confeccionadas em material rígido, que não se molda a córnea e com pequenos diâmetros. São menores do que as lentes gelatinosas.

 

Precisam ser bem adaptadas a arquitetura da córnea e funcionam usando as lágrimas em combinação com a superfície da lente de contato para corrigir a visão. Essas lentes têm sido tradicionalmente a base da adaptação de lentes de contato em pacientes com ceratocone. É importante salientar que o médico oftalmologista precisa ter experiência na adaptação destas lentes. Lentes mal adaptadas podem causar desconforto excessivo, além de provocar afinamento e opacificação da córnea.

Lentes esclerais:

São lentes de grande diâmetro feitas de materiais gás-permeáveis. Elas geralmente variam em diâmetro de 15mm a 17mm. São lentes muito confortáveis, pois não tocam a córnea e se apóiam apenas na parte branca do olho (esclera). Essas lentes estão se tornando mais populares, pois podem ser usadas para reabilitar um grande número de doenças da córnea. O inconveniente destas lentes é sua dificuldade de colocação.